Ao aproximar-se da mesa de doces, finamente colocados sobre vidros polidos e enfeitada com laços, fitas, pétalas de flores lilases sobre a toalha branca, seus olhos rosados brilharam com puro deleite. Trufas de chocolate rodeadas por uma fina camada de caramelo endurecido e pintado em um tom metálico, taças de cristal com cheesecake de amoras, tortas em formato de rosas brancas, cheias de glacê e decorações e... Pelos deuses, aquilo eram taças de chocolate branco com merengue de morango?
Agradeceu por ter Demitri consigo, afinal, poderia pegar
mais sem parecer mal educada. O pensamento que tantos doces poderiam lhe fazer mal sequer passava por sua cabeça. Enjôo e mal-estar passavam, e oportunidades como aquela eram imperdíveis. Estava se inclinando para pegar uma trufa quando ouviu a chamarem e teve de se segurar para não soltar uma exclamação indignada. Não estavam vendo que ela estava ocupada? Que tipo de pessoa vinha falar com alguém quando estava pegando doces?!
Charlotte virou-se para quem falara consigo, forçando-se a sorrir. Não podia não fazê-lo, não com Michélle Larrystein. De verdade, o que ela queria mesmo era dizer:
"Será que você não percebeu que eu estava ocupada?"- Senhorita Michélle.- Ela retribui o cumprimento, acabando por deixar transparecer um pouco de sua irritação.- Também é um prazer falar com você, após ouvir tanto de minha mãe. - Disse, e talvez devesse ter jogado um elogio. Não. Ela interrompera os doces. Imperdoável.
Ele abre um pequeno sorriso.
- Sua alteza saberia dizer, afinal, é
amigo de infância, do novo Rei.- O tom sugestivo estava lá, ainda que velado. Uma jogada arriscada, mas para qualquer político, monarca ou
príncipe herdeiro que se prezasse, ter amigos em lugares altos era vantajoso, e deveriam usar daquela vantagem, ou então ficariam para trás. Não queria dizer para trair, no entanto, pois Beatrice estava à espreita e a deusa sabia que Cesare não gostaria de dar razões para mudarem o herdeiro.- Mas não faço nada mais nada menos do que meu trabalho, meu príncipe.