Escola de Magia de Hainslef

Sentado no salão comunal dos dormitórios masculino e feminino, em uma confortável poltrona de veludo bege, Nikolai olhava a cada poucos instantes para o relógio dourado em seu pulso, já preocupado com a hora. Ele e Alzack, que estava sentado num sofá próximo, já estavam prontos para o baile há mais de uma hora, mas não havia sinal de vida do irmão mais novo, Vesimir.
Lysandra e Isylia iriam matá-los por deixá-las esperando.

Ela sai de seu dormitório com passadas graciosas, quase como estivesse dançando. Os cachos negros naturais perfeitos balançavam na altura do ombro, com o resto do cabelo preso em um penteado frouxo na altura da nuca - sem, no entanto, nenhuma trança para segurá-los, apenas grampos que magicamente se mesclavam ao cabelo e mal pareciam estar ali. No topo do coque, apenas um pente no formato de um cacho de flores de cerejeira brancas feitas de fluorita.

A primeira coisa a se destacar era a saia de seu vestido: completamente negra, seu corte fazia com que seu estilo fosse semelhante ao tulle da saia de uma bailarina, mas era evidente que o tecido era mais pesado e, especialmente, fino, acompanhando perfeitamente os movimentos do corpo. A parte superior do vestido era dividida por uma faixa prateada de seda e bordada para que aplicasse textura, dando lugar para uma espécie de blusa que era feita por um tecido transparente bordado com pequenas flores negras de tecido, cobrindo até as mangas e as costas completamente, ainda que com o espaço para uma espécie de decote, ainda que nada revelador. Seus acessórios eram visivelmente medidos: um laço no pescoço com uma pérola prendendo o nó, pequenos brincos de pedras negras nas orelhas e curtas luxas negras. Não eram excessivos, e só de olhar para ela via-se que não estava faltando nada.

Se ela fosse ditar um talento, seria essa habilidade de saber como se trabalhar: quem não a conhecesse jamais admitiria, por um motivo ou por outro, que ela tinha só 15 anos. Tinha pleno conhecimento de si, e por isso sabia tirar todo seu potencial mesmo com pouco. A maquiagem, por exemplo, era simples: uma base no rosto que unificava a pele, um belíssimo contorno negros nos olhos que puxava uma pequena asa no canto externo dos olhos, e um batom rosado que, afinal, aplicava o tom inocente ao rosto.

O sorriso que tinha no rosto, contudo, morreu ao ver apenas _dois_ dos Aelroth sentados no salão comunal. Pôs as mãos na cintura e lançou-lhes um olhar mortífero.
- Ele por acaso sabe que horas são?

Ao ver Edith descendo as escadas, ele abre um pequeno sorriso, mas que logo desapareceu. Colocando a revista que lia de lado, ele se ergue do sofá, num clássico paletó negro, com o colete e a blusa branca e a gravata índigo com listra douradas, e caminha até a beira da escada, oferecendo uma mão a garota que descia.

Ao ouvir o comentário da garota, ele bufa discretamente.

- Se sabe, certamente não se importa. - Ele afirma numa voz levemente irritada.


Ele balança a cabeça, mas sorri para a namorada do irmão.

- Boa noite, Edith. - Diz educadamente, balançando a cabeça na direção dela em um aceno.- Ele tem mais... Cinco minutos. - Afirmou, olhando o relógio.- Antes que eu vá lá em cima arrastá-lo para cá, pronto ou não.

Ela segura e agradece cordialmente pela mão que Alzack ofereceu para ajudá-la a descer a escada. Na outra mão, levantou um pouco o vestido para impedir um tropeço - ainda que, para todos os casos, ela soubesse que estava segura e que certamente não encontraria o chão.

- Recomendo que deixem bem claro o motivo do atraso, especialmente para a Isylia, ou então que lembre o seu irmão que se o par dele já não gosta de usar um vestido, ela gosta menos ainda de ficar de plantão dentro de um. - ela responde, ignorando o fato de ter ficado até agora se arrumando. Por dentro, estava agradecendo por não ser a última e poder jogar a culpa em Vesemir.

Ele olha o relógio e balança a cabeça.

- Um instante. - Ele diz e se levanta, subindo as escadas e indo em direção ao quarto.


-Está linda, Edith.- Ele afirma suavemente, inclinando-se para dar um beijo nas costas da mão dela.

Ela não esconde o sorriso e levanta o rosto, empinando o nariz orgulhosamente.
- Ora, você está atrasado exatamente 3 minutos em me oferecer um elogio. - ela diz, cobrando. - Mas... você também não está nada mal.

Ele sorri para ela, dando-lhe um beijo na bochecha.
-Farei o possível para consertar isto ao longo da noite. -Ele afirma.


Ele desce pelas escadas arrastando o Vesimir pelo punho, este que, por sua vez, reclamava de como Nikolai o interrompera no meio da arrumação de seu cabelo. Logo os dois chegaram próximos a Edith e Alzack.
- Vamos? O carro está à nossa espera.- Ele diz, enfiando o pé no de Vesimir quando ele reclama.

Ela pisca, abobada e pega de surpresa, mas com o alvoroço que Vesimir causava ao ser arrastado escada abaixo, ela tem a chance de se recompor e lança um suspiro frustrado com a cena.
- Melhor, ou não vai sobrar estrada para nos levar até o palácio se depender da Isylia. - ela diz e vai andando em direção ao carro.