Os antepassados dos Aergyris não são originados da Grécia antiga, fazendo com que esse nome possua raízes no que, atualmente, seria a região entre o Oriente Médio e a África, na península arábica. Devido à agitação da região pelo comércio, membros que eventualmente se tornariam ancestrais de Megaera foram parar no território helênico, estabelecendo-se por ali. Não demorou muito para que, pela visível abundância e riqueza que possuíam pelos seus negócios, fossem anexados à família real da polis em que se encontravam. É nesse cenário, centenas de anos antes de Cristo, que Megaera iria nascer.
"Nascer" não é a melhor palavra para se usar ao descrever como a jovem veio ao mundo, já que não lhe foi concedida a vida por meios tradicionais. Haris e Stravia eram estéreis e, com receio de deixarem a liderança de sua cidade para seus parente mais próximos, considerando as alianças que estes procuravam formar, decidiram contratar estudiosos e feiticeiros que pudessem encontrar uma maneira de resolver seu problema. A solução, depois de anos, veio: homúnculos, seres criados artificialmente, nesse caso, usando o sangue de seus 'progenitores'. Cheios de esperança, Haris e Stravia Aergyris realizaram o ritual necessário para a criação de seu herdeiro, saindo muito desgastados do processo, mas realizados pelo resultado que conseguiram: uma filha, saudável e à sua imagem. O nome que lhe deram foi Megaera, o primeiro homúnculo da Terra ou do próprio Mundo Mágico.
Ainda que fosse criada em meio ao luxo, é sensato dizer que a princesa nunca se acostumou com seu papel, exibindo em seu crescimento características semelhantes as que tem hoje: rebelde, aventureira e precipitada. Não eram raras as vezes em que Megaera era encontrada brincando em meio a outras crianças que nem sequer eram cidadãs da polis, e, até mesmo, entre os escravos de sua casa. As diferenciações que constituíam sua sociedade pouco lhe interessavam, estando muito mais focada em explorar onde vivia do que qualquer outra coisa - e, para essas e outras artimanhas, qualquer companheiro era bem vindo, fosse quem fosse. Foi mesmo na infância que a jovem Megaera sentiu uma queimadura no braço que durou por vários dias; um incômodo que, ainda pequeno, não era minimizado por nada: água, gelo, magia. Nada funcionava. Na manhã do 4º dia, ela acordou para vislumbrar, na mesma área que antes parecia haver uma sensação ardente, agora havia outra coisa: um símbolo finamente esculpido, que pôde rapidamente identificar como a Terra, lembrando-se de suas aulas básicas. Como iria aprender eventualmente, aquele símbolo significava que fora escolhida para ser uma dos Guardiões dos Elementos, e o seu seria o Ar. Um árduo caminho apresentava-se à sua frente e, atendendo ao chamado que o destino lhe propusera, Megaera seguiu sua função como Guardiã, apesar dos protestos de seus pais e do que deveria deixar para trás - sua casa, sua família, e todos aqueles que um dia seriam seu povo. A grande lição que aprendeu naquele dia foi que sair do lugar que chamou de lá não era a tarefa mais difícil, mas sim escolher o que levar consigo. De coração apertado, fugiu pela noite, sem rumo ou sem ajuda, em uma jornada que se estenderia por anos, cheia de encontros e desencontros que a levaram até o Mundo Mágico, onde pôde encontrar Celian, Hygnos e Nasrin, os outros escolhidos pelo cosmos a se tornarem Guardiões. Juntos, embarcaram em aventuras com o intuito de auxiliar aqueles que necessitassem, fosse no próprio Mundo Mágico ou mesmo na Terra. Ao fim de uma jornada, Megaera decidiu voltar para casa, preocupada com os agouros com os quais se depararam: destruição e morte seguiriam, e a força deles seria mais necessária do que nunca; haviam-se passados anos desde que partira, e sabia que devia ao menos algumas explicações aos seus pais. No entanto, o que encontrou quando retornou foi... Nada. Simplesmente, nada. Ruínas de sua cidade, queimada até o chão, com apenas ossos dos que um dia foram seus cidadãos. Em seu antigo lar, a tumba de seus pais selada, mortos antes mesmo da catástrofe que assolara aquele lugar e, no salão principal, ainda era capaz de reconhecer o corpo desfigurado de sua prima, Nephele, e de seu marido, supondo que haviam herdado o posto com o falecimento dos antigos monarcas. Não precisou esperar muito para descobrir quem havia causado tamanha tragédia, recebendo a visita do monstro que desolara sua casa ali mesmo: Angra Mainyu, que sorria triunfante diante da Guardiã. Megaera tentou combatê-lo, mas não teve chances, forçada a recuar e a se reunir com seus companheiros. Uma imensa guerra se aproximava, e percebia que nem a Terra seria poupada das consequências que tal conflito traria.
A Primeira Guerra Mágica irrompeu no próprio Mundo Mágico, com exércitos opostos guerreando entre si: um deles destacava-se como o Exército de Angra Mainyu, composto pelos seus servos do Submundo e outras raças mágicas que aliaram-se a si, enquanto seus adversários eram formados pelas resistência aos ideias do deus maligno, reunidos pelos Guardiões e por uma líder em especial, Orpheu, um humano com poder suficiente para rivalizar com os imortais. Megaera tem poucas lembranças da luta em si, preferindo não relembrar tal época ou mesmo comentar sobre ela, pois perdera valorosos aliados naquele banho de sangue. Por fim, no próprio Submundo, os líderes de ambas as partes travaram um duelo épico que determinou o resultado da Guerra: ferido, Orpheu foi capaz de selar Angra Mainyu nas profundezas do Tártaro de maneira temporária, acabando preso ali também como preço a ser pago por realizar tamanha magia. Os Guardiões restantes tentaram, mas foram incapazes de libertar seu líder, apenas jurando impedir que algo ameaçasse seus esforços e sacrifícios.
Os anos passaram e, na medida em que envelheciam, os Guardiões perceberam que precisavam garantir um guia para as futuras gerações que viriam depois de si para continuar o que haviam simplesmente começado: defender o mundo. Para sua surpresa, foi decidido que a própria Megaera deveria cumprir esta tarefa, incumbida de ajudar os próximos que vierem os substituir. Tentou negar, mas a decisão de seus colegas parecia absoluta, e teve de acatar com ela. Após algum tempo, transferiram suas energias para ela, fazendo com que entrasse em um estado de semi-imortalidade, capaz de viver por muito mais tempo além de qualquer humano normal e mesmo seres mágicos. Assim, Megaera permaneceu viva por centenas de anos, assistindo Guardiões surgirem, cumprirem suas tarefas e depois desapareceram, toda vez que a Terra ou o Mundo Mágico se visse ameaçada por forças além de si. Cumpriu seu dever, até hoje atuando como guia, instrutora e, quiçá, treinadora daqueles que a substituíam através dos anos, apenas interferindo em momentos críticos.
Na época presente, Megaera fez de sua participação um evento muito mais constante do que em qualquer outro tempo, visto que a ameaça de que o selo que mantinha Angra Mainyu preso estava maior e mais perigosa do que nunca. Near, uma anomalia disforme de pura energia nefasta, havia aparecido na Terra e procurava uma entidade forte o suficiente para se unir e dar forma à Ragnärok. Da maneira que pôde, Megaera tentou acabar com os planos da Getsukai, mas seus esforços mostraram-se insuficientes, ainda que tivesse conseguido salvar diversas vidas do no processo: como era uma só, havia limites para o que podia fazer, e os guardiões, com sua força agora tão fragmentada, menos ainda. Com horror, ela viu uma 3ª Guerra Mágica ser desencadeada, liderada pelo próprio Ragnärok. Lutando nas linhas de frente, ela logo entendeu que não tinham como triunfar sobre tamanho poder, mas teve uma ideia: forçar a própria auto-destruição dele, concentrando-a em Ekalyon, refugiando todos em outros reinos ou na Terra. Sem escolhas, seu plano teve de ser seguido para que o conflite tivesse fim, e assim foi.
A geração atual, no entanto, não revelou-se tão ruim quanto seus eventos proeminentes podem deixar passar: foi apenas nela que Megaera pôde, enfim, encontrar alguém com quem decidira compartilhar sua vida e formar uma família, após tantos anos de existência em que se recolhera na solidão. Andrew Dinamy foi capaz de um feito que, há séculos, ninguém mais havia feito - salvar sua vida em meio a uma luta, colocando juízo na cabeça dela por forçá-la a recuar em meio à desvantagem em que se encontrava. A partir daí, a relação dos dois foi se desenvolvendo, entre discussões e desentendimento estúpidos, mas que a faziam se lembrar de uma época mais feliz de sua vida. Refugiada na Terra, Megaera decidira formar uma família com Andrew e, finalmente, se estabelecer em algum lugar novamente, tendo um filho com ele: Joshua. Tendo tomado sua decisão, ela vai se desfazendo dos seus poderes aos poucos, já não necessitando permanecer viva por muito mais tempo, mas, com a oportunidade que lhe apareceu, decidiu que podia garantir orientação para os mais jovens que começavam a nascer, como uma pequena continuidade de seu antigo dever.