Vales de Amalthea

O transporte até o vale chegaria tranquilamente ao seu destino, e ela é a primeira a sair para receber os outros colegas enquanto desciam a admiravam a paisagem: vastos campos de grama alta e árvores verdejantes e frutíferas que se estendiam até onde majestosas montanhas se erguiam, com a luz do sol refletind sobre as superfícies dos lagos naturais. Não era raro captar o movimento de algum animal que se recolhia entre arbustos e nas sombras das árvores, ou o farfalhar das folhas pela brisa calma.

- Os Vales de Amalthea são localizados na região de Groundus em Ekalyon, que se destaca por ser a mais fértil e diversificada no que consta ao número de criaturas mágicas e espécimes que aqui habitam, exatamente pela abundância e relativa estabilidade quando comparada aos cenários extremos das outras regiões. Às margens do maior lago aqui, o Eidothea, vocês podem ver se erguer o Castelo da casa de Vi Alstraim. - ela apresenta. - Escolhi esse local considerando-o mais pacífico para uma espécie de "aula inaugural', por assim dizer, para que possam observar, conhecer e aproveitar o tempo da forma como melhor optarem.

Os Vales eram, de fato, um lugar de tirar o fôlego, com os lagos cristalinos e as Oreades se erguendo no horizonte. Observando o movimento da floresta, o cantarolar dos pássaros, Reinier não pode deixar de se questionar o que encontrariam ali, que tipos de criaturas - mágicas ou não - habitavam aquela região, além de folhas e frutos, e não pode deixar de animar com a perspectiva de saber mais. O Castelo à distância também era uma construção formidável, uma combinação de natureza e trabalho humano, e e o aspecto vítreo do exterior fazia com que suas pardela cintilassem sob a luz do sol. Fez uma nota mental de retornar ali no pôr-do-sol.


Anotou um pouco do que Rin disse sobre a natureza de Groundus, voltando a prestar atenção.

- Será por uma entrada em uma das montanhas que cercam o vale que pode-se chegar até a Cidade Subterrânea. Além de conferirem uma estrutura de defesa natural, as montanhas também foram largamente escavadas para a construção de uma verdadeira cidade que se extende até além dos limites do território. Dizem que lá ainda existe o famigerdo Labirinto da Besta, que se manteve intacto mesmo após a Grande Guerra, um lugar onde os poderes não funcionam e as paredes se movem, tornando impossível de se mapear. - ela continua. - Mas, está fora dos limites dessa aula! Então, voltando ao tema: os Vales encontram-se como um dos lugares mais pacíficos, e por isso está dentre uma das principais rotas de transporte e comércio pelo reino.

Naquele momento, não pode deixar de sorrir de orgulho com a menção à boa reputação da região, sabendo que a família tinha feito um bom trabalho ao longo dos anos. O Labirinto da Besta era um local que a fascinava, mas ao qual fora proibida ir: pessoas demais haviam tentando mapeá-lo, ou encontrar a famigerada besta, e a maioria ou desaparecia, ou voltava carregando marcas do tempo passado lá, mas solenes, com a escuridão no olhar. Devido a natureza de nulificar magia de ambos, havia pesquisas que tentavam relacionar o Labirinto à Prisão de Laisrèn em Loriath.

Ela bate as mãos, atraindo a atenção de todos.

- Bem, como havia explicado mais cedo, esse tempo é livre para que foquem em seus estudos e comecem a desenvolver suas pesquisas. Estão livres para pesquisar sobre o terreno ou observarem uma criatura em especial, ou mesmo retornarem para o castelo caso desejarem. Só peço para que não saiam daqui se não foram para a escola! - ela avisa, quase que liberando os colegas, ao passo que aproveita para se dirigir para uma clareira, onde do vento que levava pétalas de flores anthousaies, as ninfas das flores, eram criadas inteiramente das pétalas e apenas com um contorno humano, para conversar com elas e observá-las.

Ela vira-se para Leo, ainda sorrindo.

-Gostaria de me acompanhar a um lugar próximo?- Pergunta, esperançosa. Conhecia bem a região, cavalgara por ali diversas vezes.

Ele recebe o convite de Clarisse com um brilho nos olhos, um sorriso se abrindo no rosto diante de tamanha sugestão.

- Ora, como passar uma tarde consigo fosse o suficiente! - ele responde, ainda que recebendo um olhar levemente repreendedor quanto à normalidade com a qual se referia ao fato de simplesmente terem matado aula juntos, sozinhos. - Mas, parece que o convite de sua mãe para que viesse visitar a região acabou se concretizando mais cedo do que o esperado, não?

Ela engasgou com a frase de Leonard, as bochecha tingindo-se de um forte tom rubro. Não iria dividir isso com ele, Deuses. não, mas a mensagem que ele havia captado da mãe fora um pouco diferente do que Leo provavelmente imaginava, e por ela continuaria assim. Então, soltou um pequeno riso.

- De fato não é? Nós poderíamos almoçar no castelo, se mandar unable mensagem tenho certeza que ficarão exultantes em nos receber.- Os empregados do Castelo de Reiynir adoravam Clarisse, e ficariam mais felizes em preparar um jantar para ela própria do que para o Príncipe de Aurelis. Menos o mordomo, Bartrand, é claro. Realeza? Nos corredores de Reiynir? Só esperava que não tivesse um ataque cardíaco. - Por aqui.- Ela indica uma trilha com a cabeça, tomando a liderança e caminhando com uma mão nos arbustos cheios de flores silvestres.

Ele não conseguiu conter uma risada divertida diante da facilidade com a qual podia fazer Clarisse enrubescer, e o quão fofa ela acabava ficando quando o fazia, provavelmente sem ciência desse segundo fato, mas com sorte isso permaneceria como um prazer só seu.

- É uma proposta tentadora, não se assuste se eu aceitá-la. - ele responde, prosseguindo então a andar logo atrás de si pelo caminho que abria.



Ela arregala os olhos, surpresa com o local até então desconhecido e, sorrindo alegremente, se ocupa em andar pelo vale e, inclusive, arriscar molhar os pés na água do lago mais próximo. Parecia realmente encantada com a beleza do lugar.

"Lyf certamente gostaria de andar por aqui." ela pensa, reminescendo sobre como a "colega" devia estar no quarto, provavelmente recolhida na janela tomando o sol da manhã.

- Mandarei uma mensagem então.- Diase, contente, parando no topo de um pequeno declive, no qual uma escadaria da pedra conectava ao ponto mais baixo. Possuía detalhes antigos, e estava encoberta por musgos e pequeninas plantas. Desceu, pulando o último degrau, uma velha tradição quando estava ali com o pai, e logo estavam diante de uma pequena lagoa, mais um poço do que qualquer outra coisa. O líquido era prateado, cintilante, com pequenas ondulações.

- Dizem que é Luz Estelar feira em água.- Afirmou, tira do um pequeno frasco e enchendo-o.


Adentrando a floresta, seus olhos são atraídos para uma frondosa árvore de galhos retorcidos e folhas coloridas, o caule coberto por uma seiva furta-cor com pesados frutos. Aproximou-se, raspando um pouco do caule e engarrafando a seiva, fitando os frutos. Se não estavam enganado, era uma Avaré das estações, cujas folhas e frutos mudavam de acordo com a estação da ano.

Ele segue Clarisse até o local, que carregava um tom de solenidade e antiguidade harmoniosamente combinados, seus olhos, no entanto, logo foram captados pela espécie de poço para onde a "guia" apontara.

- E está aqui há quanto tempo? - ele pergunta, admirado pela natureza do material.

- Ninguém sabe ao certo. Alguns dizem que foi quando os Deuses ainda andavam livres na Terra, e uma estrela, entristecida s solitária, sentou-se aqui e chorou, cavando a pedra e afogando-se em suas lágrimas. Outros dizem que eram águas normais, até uma estrela cair e se instaurar em suas profundezas. Ninguém sabe, e provavelmente jamais iremos saber.

Ele reflete sobre as histórias um pouco, reminescendo por alguns segundos se não possuíam alguma ligação com as lendas do império da deusa de prata, uma vez que ninguém nunca soube ao certo da exata localização da Cidade das Mil Torres. No entanto, procurou afastar o pensamento da cabeça, já que de nada adiantava se fixar em histórias.

- Parece ser um tema interessante para se aprofundar, não? - ele sugere, reconhecendo o legítimo interesse de Clarisse. - Acredito poder ir tanto pela vertente de sua origem, quanto pela que destaca suas possíveis aplicações em determinadas áreas. Contudo, sendo provavelmente escasso, optaria pela primeira opção.

- É único, até onde eu sei, mas não sei se diria com escasso.- Ela agacha-se na borda da piscina, pegando um pouco da luz entre as mãos e despejando-a.- Nunca conseguiram mensurar o fundo, e mesmo um teste para tirar grandes quantidades não diminui em nenhum milímetro o nível da substância.- Balançou a cabeça, o qual inacreditável era aquilo?- Não parece ter nada demais... Além de brilhar no escuro. Alguns dias no ano, seguidores de Asteria vem aqui, realizar rituais e rezar.

O lugar era particularmente bonito à noite, uma poça de luz em meio à escuridão da floresta. Era sereno, quase sobrenaturalmente.

- Eu poderia tentar descobrir a origem, mas se tantos antes de mim nunca conseguiram precisar, duvido que farei muita diferença.- Ela admite, olhando o líquido em sua garrafinha.

Estava tendo uma conversa elucidante com a anthousaie na clareira, no entanto, um pequeno som vindo do pingente de seu colar tirou sua concentração: era um pequeno alarme adicionado para comunicação. Pedindo licença, ela se retirou e recebeu a mensagem, arregalando os olhos e perdendo a cor enquanto processava a informação. No entanto, não podia perder a calma: respirou fundo, procurou estabilizar sua compostura e foi na direção de onde havia desembarcado com a turma.

- Atenção, estamos voltando! - ela exclama para aqueles que permaneceram por perto, mas vendo que ainda faltavam pessoas, abre a boca e usando seus poderes faz uma melodia ressoar pelo local, chamando o restante dos alunos.

O chamado de Rin tirou-a de sua pensamentos, franzindo o cenho na direção de onde a voz viera, checando o relógio. Ainda estava cedo para retornarem. Será que havia acontecido alguma coisa? Voltou seu olhos para Leo, com um olhar tão confuso quanto de quem pedia desculpas.

- Aparentmenete, não vamos conseguir seguir o plano. O que será que houve?- Ela indaga, colocando I sapato e seguindo o caminho de volta para onde chegaram.

Ela reconhece preocupação nos olhos de Clarisse enquanto a esperava embarcar, mas faz um aceno com a cabeça, indicando que depois falaria melhor disso. Anunciar as notícias agora seria pedir para criar caos e preocupação que talvez fossem desnecessárias. Estariam seguros na escola.

- Peço desculpas pelo chamado abrupto, mas não vi o tempo passar tão rápido! Logo as linhas aéreas se abrirão para rotas mercantis, e isso poderia nos atrasar na volta para a escola. - ela explica, de forma que soasse convicente para os outros que pareciam confusos. Por hora, bastaria, ela considera enquanto se senta e o transporte tomava altitude de volta para a escola.