Torre Norte

Ela senta-se em um dos bancos, olhando para as luzes brancas e em tons de violeta iluminando o castelo, vistas à distância, além do braço de mar que separava a Zona Real do resto do reino.

"Os milênios passam, os reis caem e seus súditos se reúnem para saudar o novo, acreditando em uma era de prosperidade e paz para si." Ela pensa, e abre um sorriso desdenhoso, de quem tem a ciência do quão idealista, o quão falsa a afirmativa era. Ainda sem tirar seus olhos do castelo, ela inclina levemente a cabeça.

- Comemoram um regime condenado. - Murmura apenas em fiapo de voz, mal audível até mesmo para si mesma.

Ela chega junto aos outros guardiões, recostando-se na parade de queda e balançando a cabeça, desconcertada. Elyss sentiu-se no chão, enquanto Agito num dos bancos, e os outros foram arranjando-se em uma espécie de círculo.

- Coincidência?- Indaga após alguns minutos de silêncio em que ninguém sabia exatamente o que dizer.

Ele chegam e logo se acomodam, e o silêncio parecia refletir o fato de que a mensagem ainda parecia estar sendo, efetivamente, digerida por todos.

- O fato de ter ocorrido logo depois de encontrarmos Ishmerai e tomarmos conhecimento da situação? Não acho. - ela responde, esperando ser ao que Sophie tinha aludido. - Mas, de uma forma distorcida, faz sentido essa, como dizer? Reação.

[Sophie]
Levantou o pouco o queixo e levou um dedo aos lábios, pensativa. 

- Só pode ser uma demonstração de poder para nos assustar.- Afirmou, soltando um suspiro pesado e abanandando a cabeça.- É o único sentindo que consigo ver em um ataque assim, eles não teriam porque revelarem a extensão de seu poder se fosse qualquer outra coisa.

Ela assente diante das ponderações de Sophie.

- Concordo, e acho que por isso deveríamos voltar para lá o quanto antes! Não há como dizer quais outros ataques nessa escala estejam por vir, e esperar até uma decisão unânime pode causar mais vítimas. - ela afirma, temerosa. - O pior é que pelo que foi contado, ainda não temos clareza em quantos estavam envolvidos, então não há como saber da extensão de sua força.

[Agito]

-Concordo.- Ele afirma, os outros também acenando com a cabeça.- Podemos ir amanhã, após as primeiras aulas. - Não gostava de perder aula de novo, mas, bem, eram ossos do ofício, não havia como correr daquilo.

Eles pareciam ter chegado a um acordo e então, com o chegar da hora para as próximas aulas, vão para suas respectivas turmas.

Após o desastre do jantar da noite passada e a as mudanças na família nar Y'l Hainën (ele não queria nem imaginar o caos quando os tabloides descobrissem), Elaith não estava exatamente no melhor dos humores. Uma rodada de exercícios matinais e um banho glacial havia esfriado parte da raiva que sentira, mas ainda havia um fio latente de irritação.

Elaith não particularmente queria fazer qualquer hoje, mas Ashe e ele tinham planos, além da mensagem que Haemir enviara: um ramo de oliveira, e que Eli aceitaria, mas não perdoaria, não agora.

Para ser sincera, não esperava já encontrá-lo de pé e em um estado como esse logo pela manhã - de todas as pessoas, não ele. A primeira aposta para encontrar com Elaith havia sido o dormitório, mas para sua surpresa fora informada que já não se encontrava lá há horas, e antes das aulas!

- Alguma razão para essa expressão estampada no rosto? - ela inquire, nada mais que o razoável, correto? Afinal, se ele não estivesse na melhor das condições, podia colocar os dois em risco, e ela definitivamente não precisava disso.

Ele piscou, olhando na direção dela, tirado de seu devaneio,

- Porque a pergunta, preocupada? - Ele indagou com um sorriso largo, embora estivesse menos animado e disposto que o usual. - Só o velho Haemir sendo o velho Haemir, para variar... E alguns problemas com minha irmã mais nova. - Ao falar da irmã, franziu o cenho e fez uma breve careta, mas balançou a cabeça, expulsando os pensamentos. - Enfim, a Embaixadora de Loriath foi convocada ao Ministério para prestar informações sobre o ataque, papai mandou chamar-me. Você vem?

Seria sua vez de franzir o cenho com o questionamento do colega: ela, preocupada? Claro que sim, com uma centena de coisas, e o bom humor de Elaith mal entrava no top 10! Claramente, a súbita convocação da embaixadora se destacava entre as razões para estar preocupada.

Enfim. Um 'tsc' acaba escapando.

- Espero que não esteja nada de errado com sua irmã. - ela oferece, pelo menos nessa parte podia simpatizar. Ainda mais: Elaith não era exatamente a primeira pessoa disposta a ir direto ao ponto do que deveriam fazer, como se estivesse abraçando a primeira oportunidade para mudar de assunto, e desde o dia anterior ela podia entender esse mesmo sentimento completamente. - É óbvio que vou estar lá, ainda que acredite que essa reunião no momento não levará a muita coisa. Ainda estamos conduzindo nossas próprias investigações, sem maiores conclusões.

Ele suspirou aliviado por Ashe não ter insistido no assunto, talvez, depois, contasse o que havia ocorrido no jantar da noite anterior... Mas não agora. Não quando ainda estava tão recente, e quando ela era tão adorável negando para si mesma que estava preocupada com ele.

- Bem, então, deveríamos ir em breve, se quisermos chegar à tempo de ver toda a audiência. Podemos falar com as pessoas que separamos para nos auxiliar na volta, o que acha?

- Considerando que, para todos os fins, a audiência vai mostrar que os interesses dos dois reinos se alinham quanto as ameaças, ficaria mais fácil convencer os irmãos das Voynartion e qualquer pessoa minimamente cuidadosa daqui. - ela comenta, concordando com a sugestão de Elaith. - Além disso, por mais que as informações colhidas na audiência não venham a ser produtivas, observar os presentes também não seria má coisa. - ela complementa, se dirigindo para a saída ainda perdida em reflexões: podia esperar a presença dos Ministros, da embaixadora, mas que outros reinos estariam interessados no que aconteceu? Precisava se preocupar com isso.

- Vai nos dar uma noção melhor, pelo menos, e ver como eles pretendem lidar com essa situação - Ele a segue para fora da saída, em direção ao Ministério da Magia.