Área de Treino

- E como funcionarão esses duelos? - ela pergunta. Em geral, a possibilidade de ter que lutar contra guerreiros de especial, que estavam treinando para se tornarem militares, céus, não lhe era tão convidativa.

- Será parecido com os torneios: um contra um, o primeiro que acertar dois ataques, ao invés de uma melhor de três, será o "vencedor". - Ela diz com um pequeno sorriso.- Agora, vão colocar os trajes! O de cada um está em seu respectivo armário no vestiário.

Eles assentem e ambos os grupos, tanto os alunos de Manual quanto os de Especial vão se vestir. Os trajes eram de um tecido similar ao couro, especialmente pela forma como se moldavam ao corpo, mas eram consideravelmente menos abafados. Haviam três tiras diagonais acima do peito com diferentes cores para cada, de acordo com os grupos da escola ao qual pertenciam: dourado para Draco, azul para Syreni, roxo para Umbra e escarlate para Phoenix. No ombro, uma inicial indicava o curso, com um M em prata para Manual e um E na mesma cor para Especial.

Ao retornarem dos vestuários, ela balança a cabeça, satisfeita, e tem uma rápida palavra com Willis.
- A primeira dupla será Killian e Lucan!!- Ela anuncia, e Lucan anda até o centro da arena, um sorriso convencido estampado na face.

Ele levantou a sobrancelha ao ouvir seu nome primeiro, saindo da parede onde estava recostado demonstrando um desinteresse no exercício - coisa que se repetia na maioria das aulas. Ao se dirigir para o centro da sala, ele não deixa de abrir um sorriso na direção de Keith e Armand, que provavelmente ainda não haviam comido nada.

Porque tinha de ser Manual contra Especial? Essa era a desculpa perfeita estufar de água ou fazer churrasquinho de Killian muitas repercussões. Ou nenhuma, quem ia se importar com um Rozencreux a menos no mapa? Era capaz de até o agradecerem por isso, não que tivessem vontade. Ele provavelmente estava na lista negra de quase todo o Mundo Mágico. 


Ela dirigi-se ao lado direito do círculo, com Willis na outra ponta do diâmetro, como juízes ou técnicos para analisar o combate. Trocaram um último olhar, e levantaram as mãos.
- Um, dois, três, comecem!- Eles dizem em uníssono.


O tempo de reação dele foi quase instantâneo, fazendo com que alguns de seus colegas arqueassem as sobrancelhas em surpresa. Lucan não conseguiu conter o sorriso de escárnio: era um profissional, tempo de reação era algo sobre o qual ele tinha maestria, obviamente. Usando o poder para aumentar sua velocidade, criou um redemoinho de bolas maciças de gelo, mandando-as na direção de Killian.

Era um fato que ele não tinha esperado a velocidade dos ataques do oponente, mas o que ele de fato esperava era que Lucan atacasse primeiro - por pura confiança, imaginava, esperando acabar com a luta em pouco tempo. Ainda assim, ele precisava treinar com Aldrik, e Lucan ainda nem sequer sonhava em se aproximar da velocidade dele.

Precisou de um estalo de dedos para enviar ondas de atrito na direção do adversário, fortes o suficiente para que o ar parecesse tremer por onde passavam e o chão começasse a criar fendas, estilhaçando as bolas de gelo. Como contra-ataque, ele faz as garras de uma das mãos surgirem e avança sob a cobertura das bolas destruídas.

Merda- não é que o branquelo era mais forte do que parecia? O chão e o ar vibrando desestabilizou seu equilíbrio, e Lucan teve de voltar à posição inicial, com os joelhos e as costas levemente flexionadas para não cair. Mal tinha ele se endireitado quando Killian avançou com as garras, e apesar de ter conseguido desviar, elas passaram muito próximas de seu rosto perfeito para que se sentisse confortável. Cicatrizes não estavam na moda, e se ele aparecesse para a entrevista da noite com o rosto ferido, seu empresário iria matá-lo, sem contar que as fotos do jogo da quarta sairiam catastróficas.

Deixaria um ataque acertar, e entregaria a luta. Sua imagem valia mais que uma lutinha de colégio.

O olhar de Lucan acompanhando suas garras lhe deu mais prazer do que ele gostaria de ter sentido, e ele estava considerando seriamente continuar a mirar no rosto do oponente, mas imaginava que os professores não iriam aprovar que fizesse isso - não é como se o aturassem de boa vontade, e ele precisava ficar ali, querendo ou não.

No entanto, o corpo de Lucan relaxou, o movimento dos músculos deixava claro, e ele não pode deixar de estreitar os olhos enquanto ajustava a posição para atacar novamente, uma vez que havia errado. Sentiu uma pontada de frustração, se limitando a usar do impulso do avanço para girar o corpo enquanto estava atrás de Lucan e golpeá-lo na parte lateral das costelas com uma joelhada.

Ia doer, ele sabia. Mas não era na cara dele, e não era como se a medicina estivesse tão atrasada que não tivessem como deixá-lo novinho em folha para o jogo da quinta. Com isso em mente, ele praticamente deixou Killian acertá-lo, de um modo teatral para que parecesse ter tentando desviar, mas não tivesse reagido rádio o suficiente. Será que deveria perseguir a carreira de ator além da de modelo quando se aposentasse? As mulheres matariam para ver seus filmes, tinha certeza.

Killian podia aceitar ganhar fácil, podia aceitar ter a vitória entregue para si em um ato de bom senso, algo do gênero. Pessoas sensatas faziam isso, e se por um lado tirava toda a graça de uma luta, não deixava que ele perdesse seu tempo em exercícios frívolos.

Mas Killian não podia aceitar um pateta como Lucan agindo como se estivesse entregando a luta tão abertamente. Até ele tinha um certo orgulho, e gestos assim faziam com que seu sangue fervesse de raiva - talvez fosse só mais uma prova de que Ophelia era sua mãe.

- Ah, mas ainda falta o segundo. - ele diz, em um tom jocoso que não era alto o suficiente para todos na sala ouvirem. Um sorriso escapou pelo canto da boca e um brilho atingiu seu olhar enquanto ele concentrava vibrações na mão direita e empurrava a cabeça de Lucan contra o chão, esperando não fazer força o suficiente para rachar o crânio do oponente.

Ou talvez esperasse fazer isso, nem ele mesmo sabe responder.

Quase que imediatamente após Killian aplicar o golpe e colocar Lucan no chão, ela usa seu controle do vento para tirar os garotos um de cima do outro, apartando a luta.

-Vencedor Killian.- Ela declara, olhando-o pelo canto dos olhos e indo ajudar Lucan a se levantar e por Buda, o garoto estava se fazendo de vítima e atuando para as garotas como ele era corajoso e Killian um descontrolado? E elas estavam acreditando e lançando olhares mortais a ele? Por um momento, ela simpatizou com o Rozencreux. Uma delas se ofereceu- ou se jogou- para levá-lo à enfermaria, e ela não contrariou o pedido.

Ele é afastado sem problema de Lucan, com uma expressão desinteressada no rosto. Os gritinhos e olhares foram recebidos com um revirar dos olhos, enquanto voltava a colocar as mãos no bolso - ele já recebia o suficiente desse tipo de coisa para começar a se importar agora.

Fez, no entanto, questão de passar por entre o grupo de fãs que estavam aglomeradas, um olhar sendo o suficiente para que os grunhidos se calassem e abrissem caminho para que ele passasse. Poderia evitar isso? Sim. Deveria? Talvez. Iria evitar? Nem pensar. No fundo, estava esperando que realmente viessem investir contra ele, mas o bom senso, apenas nesse caso, sairia triunfante. Uma pena.

- Daenerys e Eurydice!- Ela anuncia, voltando a sua posição de juíza enquanto a mais nova dos Gaerntheon adentra no círculo.

Ela aproxima-se do círculo no centro e faz um cumprimento à Daenerys antes de começarem, entrando em posição à espera do sinal dos árbitros.

- Um, dois, três, comecem!




Eury tinha o poder de Mutações, ou seja, combate corpo a corpo não era a melhor das ideias, por enquanto. Com isso em mente, ela lançou as mãos a frente do corpo, irrompendo em um jato de fogo na direção de Eurydice.

Ela pisca, surpresa pela repentino ataque e recua, fazendo nascer asas nas costas para atacar Dany por cima das chamas ou, pelo menos, diminuir a distância entre elas.

Por entra a roda de chamas, ela materializa estacas de metal e lança-as como projéteis em direção a Eurydice.

Ela é atingida por uma das estacas, moldando as asas em volta de si para cair rapidamente no chão, soltando um grito em ondas tão fortes que repelem as estacas. Em seguida, ela endurece as penas de suas asas e lança-as na direção de Dany.

Ela coloca as mãos no ouvido, soltando um gritinho. Maldita fosse a audição mais apurada. Ela usa o fogo para tentar derreter as penas de Eurydice, mas, ainda atordoada, acaba sendo atingida no ombro por uma.

"Oh céus, será que exagerei com o grito??" ela pensa, franzindo o cenho.
Prossegue a avançar, transformando um de seus braços em algo similar a uma espada, mas duro como pedregulhos ao invés de afiado.

Já mais estabilizada, ela materializa um escudo no braço direito, defendendo o golpe de Eurydice e criando uma lança na outra mão, usando-a para atacar.

A lâmina bate contra o escudo e com o impacto é mandada para trás, perdendo o balanço devido à investida com que fora e sendo atingida pela lança.
"Droga!" ela pensa, e destransforma a mão. "Melhor mudar de estratégia" ela decide e invoca uma lira de prata finamente trabalhada, e enquanto tocá-la os fios começam a se animar e investir contra Daenerys.

Uma brisa sopra entra as duas, afastando-as com gentileza e criando uma barreira entre elas.

- Dois ataques bem sucedidos, vitória de Daenerys Gaerntheon.- Ela afirma, mas abre um largo sorriso.- Excelente, meninas! A evolução de ambas é sensacional! Se cumprimentem, e podem ir.


Ela caminha até Eurydice e, como esperado ao fim de duelos, estende a mão em um cumprimento.

Ela volta ao normal e recupera o ar, limpando o suor da testa e se adianta para cumprimentar Dany.

- Foi muito bom!



Ele observa os outros alunos, parando os olhos em dois deles.

- Próxima dupla: Demitri e... Keith! - ele anuncia, fazendo com que alguns alunos mais antigos segurassem o fôlego por alguns segundos enquanto ainda entendiam a mensagem.