Torre Sul

Ela pensa por alguns minutos
- É um número decente, ficando mesmo entre os mais adequados.

Ele balança a cabeça.
- Quer que eu fale com quem?

- Já tem o Atsuya na sua lista, podia aproveitar e falar com o Robb também, já que compartilham do mesmo quarto. - ela responde. - Eu falo com a Valary e a Isla.

-Pode deixar, te mando um feedback caso esteja tudo certo.

Ela faz que sim e sai.

Ele sai logo depois dela.

Ela chega e se senta na borda da varanda de pedra que rodeava a torre, observando alguns alunos saírem com o fim das aulas e o campo das criaturas mágicas, já em silêncio enquanto o dia terminava e a penumbra caía sobre o castelo.

"Por quê ele sempre se atrasa?"

Ele chega correndo, um pouco ofegante. Havia terminado a luta e corrido para tomar banho antes de vir até a Torre.  O cabelo ainda estava molhado e despenteado, e os dois primeiros botões da blusa estavam abertos, além de parte da camiseta saindo da calça jeans.

- Desculpa, chuveiros o ocupados.- Ele diz, reccostando-se na pedra e soltando um suspiro.

Se ele não tivesse mencionado o banho, ela certamente não relacionaria o estranho e agradável cheiro de colônia que havia tomado conta do local com... Bem, ele, mas piscou assim que se deu conta dese fato, o cenho se tornando franzido como se perdesse a paciência.

- O quê? Ontem foi sua primeira experiência com um banho e decidiu que não é tão ruim assim? - ela pergunta, com um sorriso quase jocoso, até que ele se desfaz. - Mas, ontem. O que acha que foi aquilo?

Ele arqueia a sobrancelha, mas solta uma risada rouca com o que Ashe disse, passando a mão no cabelo e falhando em arrumá-lo, tendo na verdade o efeito contrário.

- Vou tomar isso como “Aegon, o cheiro de lavanda fica bem em você” - Ele devolve no mesmo tom leve, abrindo um sorriso de lado antes do rosto voltar a ficar sério.- Não acho que foram os grupos radicais ou terroristas conhecidos. Não vou dizer que li os documentos na mesa do meu pai sem ele saber, mas notícias nesse fronte estão silenciosas. - Rhaegar iria matá-lo se descobrisse que andava lendo os papéis em segredos... Ou jogar as mãos para os céus que ele estava se interessando em assuntos de estado. Qualquer uma das opções era provável. - Acha que foi obra deles?

Ela morde o a ponta do dedo polegar, pensativa frente às novas informações que Aegon apresentara, afinal a sua embaixadora havia lhe assegurado enviar um reporte atualizado com o que fora decidido na reunião da manhã do Ministério de Ekalyon, mas... Até agora, nada.

- É possível, eu diria. - ela começa, mas a resposta parecia insegura. - Quero dizer, é difícil pensar em outras pessoas capazes de colocar um ataque em prática daquela forma, e não é difícil imaginar que possuam os meios para tal. O alvo, no entanto... Não é do feitio deles fazer algo assim tão público, a não ser que quisessem passar uma mensagem.

Ele apenas faz uma aceno com a cabeça, concordando com ela porque... Oras, não era como se ele conhecesse dos Rozencreux para saber desse tipo de coisa, mas após Shinrakuen, não colocaria muito além dos assassinos.

- Talvez queiram mostrar que ainda são uma força, um poder a ser temido? - Sugere cruzando os braços e franzindo o cenho, pensativo.- É possível que a chegada dos Príncipes Imperiais tenha forçado a mão deles?

Ela assente, mas não parecia exatamente convencida e, inclusive, um pouco irritada, com o cenho franzido pela própria incapacidade de formular uma teoria convincente: não é impossível que tenham conseguido informações da chegada dos Príncipes Imperiais antes dos outros convidados, mas a ausência de quaisquer boatos sobre isso antes da aparição dos mesmos, mesmo para outras figuras ilustres? No mínimo, duvidoso, mas ela não tinha ideia melhor.

- Isso torna a necessidade de formar um grupo capaz ainda mais urgente. - ela diz, enfim. - Conseguiu conversar com quem? - ela questiona, esperando que tivesse notícia melhores que as suas.

Ele faz um aceno com a cabeça, concordando e abrindo um pequeno sorriso, mais confiante.

- Nisso, tenho melhores notícias sim. Falei com o Robb, e ele topou em ajudar, não precisii nem contar o que era.- Soltou uma risada baixa. Era bom, ter amigos que lhe apoiariam não importava qual fosse a situação.- Sondei a Eurydice pouco após a aula, e ela parece disposta a ajudar, mas ainda não a chamei formalmente.

Ela assente com a menção dos nomes: Robb e Eurydice. Ambos eram de Especial e confiáveis, e não tinha dúvida das suas capacidades pelos poderes e níveis que tinham.

- Não obtive a mesma sorte com os Black. - ela solta, seguida de um suspiro de frustração. - Armand começou a fazer perguntas demais, então preciso pensar em outras pessoas. Alguém com um passado mais... disciplinado, além de meramente estudante seria conveniente. - ela sugere, mais para si mesma refletir sobre o assunto. Além disso, seria bom saber que poderia contar com alguém com disciplina e discernimento o suficiente para lhe obedecer sem questionar.

Ele escuta as palavras de Ashe, franzindo levemente essa descrição... Ele podia jurar que conhecia alguém qu-

- Lyceris! - Ele exclama, sorrindo satisfeito consigo mesmo, como se tivesse desvendado um grandioso enigma.- Filha de Hermyar, Royal Guard de Ekalyon. Acho que valeria à pena falar com ela. - Faz uma pausa e estala o dedo e aponta para Ashe.- E podemos chamar a Lisandra.

Ela pisca e contempla a sugestão exclamada, abrindo um sorriso satisfeito.

- Para a minha surpresa, não é uma má ideia. - ela responde, e faz uma menção de 'como não pensei nisso antes?' frente à lembrança de Lisandra. - Ela parece jovem, mas me sinto uma tonta por não ter cogitado ela antes. - havia cometido um erro que a maioria das pessoas aprendia tarde demais o quão mortal podia ser para a filha dos Hrimdunleth: subestimá-la.

Ele solta uma risada.

- Não diga isso na frente dela, no então, Lili provavelmente vai se segurar por você se a princesa dela, mas ela odeia ser chamada assim. Boa guerreira, no entanto, sabe usar os poderes bem, e sim, é de confiança. - Sempre gostara de Lisandra, eram bons colegas em Esthrold.- Posso falar com ela se quiser.

Ela roda os olhos com o comentário sobre Lisandra, como se precisasse ser lembrada disso. Em seguida, procurou descer da varanda da torre, as mãos na cintura e um olhar pensativo quanto a proposta de deixar Aegon falar com Lisandra - por um lado, eles se conheciam, o que facilitaria convencê-la sem maiores complicações, mas por outros... Era só seu orgulho falando mais alto, demandando que ela fizesse alguma coisa ao invés de esperar pelo Gaerntheon.

- Sem necessidade, eu vou falar com ela pessoalmente. - ela diz, decidida. - E nos reunimos na cidade amanhã.

- Tudo bem, tudo bem - Ele ergue as mãos para o alto em sinal de rendição. - Na frente da confeitaria? Estou devendo alguns chocolates à minha irmã. - Tinham feito uma aposta sobre quem corria mais rápido em Dracoliscos, e ela ganhará facilmente. Maldito fosse o Borboleta. Deuses Dragões, só a irmã mesmo para chamar aquele demônio de Borboleta.

- E por quê não pegou da festa? Teve tempo o suficiente zanzando em volta da mesa de sobremesas. - ela questiona, mas dá de ombros no final. - Enfim, pode ser. Tanto faz. Em frente da confeitaria. Assim que terminar as aulas, vou à Esthrold falar com Hrimdunleth e depois me dirijo até o ponto.

-Porque na festa não havia barras de Chocolate Lafèrne.- Ele diz rodando os olhos, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - Certo, encontro você lá então. - E com isso, abre um sorriso largo e travesso Deuses, ele provavelmente gostava de se colocar no caminho do perigo.- Por acaso eu ganho um beijo de boa noite e por minha espetacular boa vontade e ajuda?

Não estava falando sério, bem, não que ele fosse negar, mas era divertido demais ver a reação de Ashe.

O silêncio pairou entre os dois quando ouviu o pedido que só poderia ser classificado como absurdo, no mínimo, e deixou que ele se extendesse por um tortuoso minuto enquanto considerava seriamente a possibilidade de atirá-lo da torre, só para testar se um par de asas draconianas cresceriam em suas costas. Esperava que não.

- Você... - ela começa, o tom de ameaça claro em sua voz, junto das mãos caídas ao lado do corpo que se fechavam em um punho. - Acha que isso tudo é uma piada?!

Ele franziu o cenho, uma sombra caindo sobre seu olhar. Se ele achava tudo aquilo uma piada? Ele não teria entrado o escritório de Rhaegar se achasse uma piada, não teria corrido o risco de rachar a família novamente e ver a irmã irromper em lágrimas, porque ela seria a que mais sofreria o peso das consequências e certamente não teria usado seu acesso ao exército como um Captain e arriscar um posto que, sinceramente, adorava.

- Você está confundindo as coisas, Ashe. - Ele retruca e havia uma frieza em sua voz que normalmente não estava ali.- Só porque eu não reajo a situações da mesma forma que você não quer dizer que eu não as acho sérias. Você tem noção do que eu arrisquei para conseguir essa informações? E eu fiz porque você me pediu. Eu fiz uma promessa a minha irmã . Eu não faria algo para quebrá-lá se não estivesse sério.