Torre Oeste

A descrição era, definitivamente, estranha, e até sinistra- Agito sentiu um frio percorrer a espinha ao ouvir as palavras de Michélle. Não parecia natural. Desejou que Hysteria fosse uma das Getsukais que tivessem permanecido como Syfels, tinha certeza de que ela saberia com o que estavam lidando.

- Certo.- Ele diz e troca um olhar com Cecille.- Obrigado pela colaboração, Senhorita Larrystein. Já terminamos por aqui.

Ela solta um pesado suspiro e vai embora, sem se dirigir novamente aos guardiões. As passadas, no entanto, não eram fortes ou pesadas, estando mais para... apressadas. Sua aula já devia ter começado, mas ela definitivamente não ia correr até a sala.



Antes de saírem, ela se vira para Agito, um olhar pensativo e inquieto estampado na cara.

- Algum comentário?

- Além de que estamos lidando com alguém claramente profissional e experiente em manipulação mental?- Ele indaga, colocando as mãos nos bolsos e assumindo uma face pensativa.- Que se fossem os Rozencreux, Larrystein provavelmente estaria pior e Hector não teria atacado. Nãome parece que Zeno arriscaria perder controle e poder nesse caso, quando poderia usar o Arquiduque para influenciar o Rei.- Fez uma pequena pausananres de soltar um suspiro pesado.- E que talvez a Sophie possa nos dar outra perspectiva.

Não gostava de lembrar a colega o que ele sabiam ser memórias desagradáveis, mas, nesse caso, era uma base de comparação e alguém com uma experiência que nenhum deles possuía.

- Concordo, ao menos não vamos sair daqui de mãos vazias. - 'completamente', acrescentou mentalmente, mas queria manter uma postura otimista. - Depois de seguir a direção do governo, podemos comunicar e discutir com os outros mais detalhes nessa questão. - ela diz enquanto ambos começam a se retirar, seguindo o caminho para fora da escola.

Assim que retornaram à escola, ela chamou Clarisse e, especialmente, Leo para que se reunissem em um local não tão cheio como o salão deveria estar para conversarem. Respirou fundo, pensando em como deveria dividir a mensagem.

Chegando a Torre Oeste e reconhecendo o semblante de Rin, ela inspira profundamente arrumando a postura e segurando a mão do namorado. Não era momento para fraquejar.

- O quão séria é a situação. Rin?- Ela encoraja a colega a falar com a voz suave, ainda que carregada de preocupação.

Ela assente para Clarisse e, Leonard até então calado, que espervam que começasse a falar.

- Bastante. - ela consegue responder, antes de desviar os olhos para o cenário além da varanda que a torre permitia que vissem. Como essas coisas podiam estar acontecendo? E o que seria o próximo? - A Alta Câmara do Exército de Loriath foi atacada... E sofreu imensos danos. Nenhum suspeito foi pego, e houve sérias baixas. - ela anuncia, respirando fundo de seguida, como se falar aquilo lhe doesse. - Preferi avisar antes que soubessem de outra forma, considerando a gravidade da situação.

A respiração dela parou, enrijecendo onde estava. A Alta Câmara de Loriath? Aquilo era... era... loucura? Não, não era loucura que houvessem tentando, mas que obtiveram sucesso. Para atacar a localidade mais segura e mais bem guardado do reino do Norte... Era insano. O que estava acontecendo com o mundo?

- Entendo.- Foi a única coisa que conseguiu dizer, fechando os olhos. Imaginou que em breve seu celular começaria a tocar com mensagens de Mariabelle.- E obrigada, Rin.

Ela sorri, da maneira que podia, diante do agradecimento e da compreensão de Clarisse. Parecia abalada, mas não tinha quaisquer dúvidas quanto a saber que tomaria a decisão mais sensata frente ao problema, especialmente no que tocava manter sigilo.

- Só mais uma coisa: se possível, eu gostaria que não saíssem ou encorajassem alguém a sair da escola, pelo menos por hoje? A notícia oficial ainda vai demorar a sair, mas a sugestão do castelo foi que nos mantivéssemos na escola, onde é seguro. - ela adiciona, esperando pela resposta deles.

Ela acena com a cabeça, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Pode deixar. - A voz era resoluta, ainda que estivesse um pouco decepcionado que a tarde que envisionara com Leo não aconteceria, mas isso era o de menos no momento. Haveria outras oportunidades, e a segurança tomava precedência.

Ela assente e, pedindo licença da forma mais tranquila que conseguia, se retira da torre para ir na direção do salão, dado que sua ausência poderia ser notada.

Ela imediatamente volta-se para Leo, os olhos azuis correndo a sua face, preocupados.

-Você está bem, Leo?- Era uma pergunta idiota, e cuja resposta pelo tons das notícias era provavelmente negativa, mas precisava começar de algum lugar, e não conseguia acha eu uma opção melhor do que aquela.

É só com a pergunta, não, melhor, com a voz de Clarisse que ele retoma o foco em onde estava e que, de fato, o tempo não parecia ter parado em função de sua reflexão. Em tão pouco tempo eventos tão absurdos, no mínimo, acontecendo e o desastre que traziam por sua escala. No dia anterior havia desconsiderado qualquer possibilidade de voltar para Aurelis às pressas de forma a assegurar sua família e seu povo, mas agora?

- 'Bem' não é exatamente a palavra que eu usaria para descrever como me sinto. - ele responde, tentando passar um tom mais relxado. - Mas a magnitude dessa notícia... Ainda não consigo acreditar, muito menos saber o que fazer quando se tornar totalmente pública.

Ela segura a mão dele e aperta, tentando passar confiança, tirando de dentro de si uma força que mal sabia que tinha. Talvez houvesse alguma coisa dela de Eiliyen e Handrill, afinal de contas.

- É difícil de acreditar.- Ela concorda, fazendo um pequeno movimento com a cabeça.- Mas eu sei o que você vai fazer, Leo: quando vierem até você, irá ficar diante das câmaras e responder com toda a graça, elegância e carisma que sei que você possui, e não vai fazer vergonha ao seu país. E se necessário, vai ir até Aurelis e falar diretamente com seu povo.- Sorriu, as bochechas ganhando um leve tom rosado.- Eu vou estar lá para lhe dar força para o que der e vier.