Museu de Heracles

Balançou a cabeça, compreensiva, e imaginou que o mesmo não acontecia nesse campo que estavam indo porque estava no coração de Ekalyon. 

- O que podemos esperar do Campo? Está instável?- Ela pergunta, distraidamente colocando a mão no cabo da espada ao pensar que talvez houvesse perigo. Era algo que lhe dava confiança, a arma próxima à suas mãos.

- Vão poder esperar encontrar seus poderes mais sensíveis, se concentrar mais para produzir o resultado que desejam, isso é de certo. No entanto, sem permissão ou data de testes orgânicos, nada é conclusivo. - ela responde, já começando a carecer de palavras, ou de paciência. Esperava poder voltar para seu posto logo.



Ele nem sequer tentou se conter antes de soltar um riso dem vida, sarcástico quanto a última afirmação. Para ele, o que o governo pensava - e lidava - em relação aos syfel ficava bem exposta ali.

- Somos cobaias, no caso? Devo admitir que estamos correndo alguns riscos aqui. - ele diz, em um tom debochado, mais como um a afirmação do que qualquer outra coisa.



- Eu não acho que seja dever da divisão de pesquisas dizer qual é ou deixa de ser o seu papel. Pelo que sei, os detalhes da missão já foram repassados a todos, e o que seu líder determina ou deixa de determinar como sua função cabe exclusivamente a você, senhor Or'Lesiy. - a resposta foi ríspida, o suficiente para fazer o syfel ranger os dentes, mas morder a língua e não oferecer uma resposta. - O que não consta nos depoimentos é que um invasor conseguiu se aproveitar da entrada de um pesquisador e correu na direção do campo. Ainda está sendo interrogado.

Ela franze o cenho com a afirmação de Nis, intrigada.

- Quem penetraria em uma área restrita, e com que objetivo? Quero dizer, o que poderia ganhar com isso?- Ela indaga em voz alta.- E sabemos quem é a pessoa, se possui antecedentes?

- O interrogatório deveria ser capaz de responder às suas perguntas, mas aparentemente as próprias forças locais tiveram de ser redirecionadas após eventos recentes. Cogitam ser um espião, mas eu duvido que qualquer grupo que quisesse extrair informações da pesquisa fosse empregar métodos tão... Patéticos. - com a franqueza sempre presente, ela caminhou até o canto da sala de observação, onde sobre um pedestal um portal tremulante de abria, revelando além dele o campo. - Os relatos afirmar que agia de maneira errática e instável antes de ser neutralizado pela segurança, o que diminui ainda mais a possibilidade de que fosse um profissional.

Ela franze o cenho com a explicação de Nis, as engrenagens de sua mente rodando por detrás dos olhos azuis: Nis tinha razão, nenhum país enviaria um espião atrás dessa forma, se houvesse um espião ali, seria um profissional. Então quem em sã consciência faria isso, só um louco... Ou alguém que não estivesse em sã consciência.

- Senhora Eirligen, foram realizados teste para saber se o invasor estava sobre a influência de alguma compulsão ou- Ao chegarem ao local e avistar o portal, ela para de falar, piscando uma, duas , três vezes em rápida sucessão.- Pelos Deuses.- Ela murmura.

- Assim que um invasor em uma área restrita é neutralizado, a sua custódia passa a ser exclusiva das forças de segurança, mesmo se quiséssemos estudar o caso, é necessário haver permissão ou alguém com patente alta o suficiente para tal. Entre os cientistas reunidos aqui, é uma raridade. - ela responde e se cala por mais alguns segundos, olhando pela janela. - O relatório, no entanto, vai trazer a afirmação de que ele foi levado em um estado catatônico, mas tudo além disso está fora da nossa jurisdição.



- Como... conseguem reproduzir isso? - ele pergunta, mencionando o portal que se apresentava diante deles. As bordas trêmulas indicavam o limite onde o espaço se contorcia e a passagem era criada, e só a ideia de existir meios alternativos de reproduzir um poder lhe fascinavam e assustavam ao mesmo tempo.



Ela volta sua atenção para o pedestal à frente, que facilmente superava os dois metros de altura para deixar o transporte de materiais ou pessoas mais conveniente. No entanto, não era perfeito, e como a responsável pela sua construção, ainda a fazia torcer o nariz - a questão é que qualquer outro meio seria mais custoso e, dificilmente, mais eficiente.

- Nesse caso, com a própria energia que extraímos do CCA, o que vai justificar a forma trêmula. É o efeito das outras diversas ondas que deixa mais difícil o processo de purificação de energia para deixá-la mais harmoniosa e estável. - ela responde. - Por isso, eu não sugiro que toquem nas bordas. Não é um portal comum que pode ter seu tamanho ajustado, então podem se arriscar a perder um membro ou dois.

- E aonde o portal leva?- Ela indaga enquanto observa, curiosa. Já havia visto diversos portais antes, desde os usados por sua antiga companheira na Getsukai, Lavern, e as fendas que ela própria utilizara enquanto construía o arsenal.

A pergunta lhe pareceu solta,
- Este? Para fora da área de observação. O CCA se encontra a uma profundida maior do que a que estamos. - a fala arrancou olhares espantados, afinal, já não haviam descendido o suficiente? - Toda a estrutura da Shinrakuen, com seus aposentos, prisões e outros quartos se encontrava acima, então não é de se admirar.

- Entendo.- Ela afirma com um breve aceno de cabeça. A estrutura e a organização que os Rozencreux construíram era, de fato, impressionante, mesmo que não quisesse admitir.



-Podemos prosseguir, Eirligen?- Pergunta enquanto cruza os braços, já sem tanta paciência. As perguntas técnicas poderiam ficar para depois que resolvessem e investigassem o verdadeiro problema.

- Eu jamais os impedi de seguir em frente com vossa missão. - ela responde de forma seca, como se apenas se tratasse de algo óbvio, erguendo uma sobrancelha, intrigada pelo comentário. Para ser sincera, mal podia esperar para voltar para seu posto de análise.



Os guardiões e Kayel entram cuidadosamente pelo portal, chegando em um cenário árido em função da utilização dos poderes e da drenagem que o campo recém-criado gerava.

Olhando ao redor, para drenagem gerada, não pode deixar de franzir o cenho, pensativa— pelo que Nis dissera, Thyrmëinn tinha acesso aos outros campos do gênero, e se tivessem... Deuses, e se convertessem em uma arma? Poderia haver consequências catastróficas. Como um reflexo, molhou os lábios, ainda consternada com o que via.

De longe, aquele lugar realmente não parecia nada mais do que a desolação que a utilização descontrolada de um grandioso poder faria - ele ainda lembrava bem do dia em que a Rainha foi assassinada, o ataque dos New-Getsukais.

- Ponham-se para investigar. - ele diz, e antes que qualquer outro pudesse inqueri-lo ou lançar-lhe uma interjeição irritada põe-se a investigar o local, sem, no entanto, se aproximar demais do centro. "Isso não está certo..."

Enquanto os outros partem a investigar, ela fica para um momento, observando-os: evitavam o centro, era como se uma simples sensação de errado desviasse as atenções. Tendo isso em mente, ela foca-se em observar o limiar, a linha invisível que não era cruzada, esperando algo diferente.

Sentiu os músculos tensionaram com a mudança, além da sensação de enervo só aumentar.

- Era para isso estar acontecendo? - ele questiona os outros.

Ela olha ao redor, para a mudança clara no comportamento dos vários pesquisadores e oficiais e faz um movimento de negação com a cabeça.

- Eu tenho certeza que não.

- Não que eu precisasse dizer isso abertamente... Mas eu acho que precisamos sair daqui. - ela comenta, depois de perceber alguns pesquisadores, incluindo a própria Nis, apontarem para o portal ao mesmo tempo que tentavam dizer alguma coisa, mas que se tornava inaudível pela distância. Não parecia ser a preocupação de todos, já que alguns se ocuparam de anotar o que observavam.

Ela começa a criar correntes de vento mais fortes que os ajudassem a se movimentar para longe do centro de onde a energia vinha, mas o uso de seus poderes parece ativar algo que não apenas os torna inúteis, como inicia outro evento.

Alguns minutos depois, ele chega acompanhado da Cecille, e são recebidos imediatamente por um grupo de pesquisadores alarmados, que os empurram na direção aonde minutos antes estavam seus colegas. Ao ver o espaço completamente vazio, as faces ainda surpresas ou inquietas, ele franze o cenho e vira-se para a Nis.

- O que houve? Onde estão os outros?

Seu rosto estampava uma face controlada, ainda que algumas gotas de suor no canto de seu rosto traíssem o controle que parecia ter em mãos. Pouquíssimas coisas são capazes de tirá-la do controle emocional, e depois do susto inicial ela rapidamente vestiu a expressão de uma cientista.

- ...Não sabemos. O Campo de concentração de magia estava instável, e não tinha como prever o que o uso de algum poder próximo a ele poderia fazer. - ela suspira, a ausência de respostas tanto para si quanto para os olhares preocupados tirando-lhe o sossêgo. - Vamos tentar analisar o que aconteceu para tentar entender isso, mas fora isso só podemos esperar.

"...Esperar?"


Agito era por natureza um garoto calmo e controlado, mas o fato da irmã e dos amigos terem  simplesmente desaparecido o fazia querer gritar, apontar o dedo e culpar alguém. Respirou profundamente, censurando-se pelos pensamentos e restabelecendo o controle próprio, antes dar um pequeno aceno com a cabeça e voltar-se para Cecille.

- Nós... Talvez devêssemos fazer o relatório do que encontramos e do que ocorreu e informar a sua tia, aos meus e ao Senhor Soror dos desaparecimento.- Não necessariamente entrando em detalhes. Não era como se fossem desconfiáveis, mas protocolos eram protocolos.

- Se estivéssemos aqui, talvez pudéssemos ter feito alguma coisa... - ela começa, mas se limita a assentir para a sugestão de Agito, engulfada pela mesma sensação de impotência que via refletida na face do outro guardião. - Vamos começar pelo detalhe do depoimento, assim... q-quem sabe... algo aconteça, não é? - ela sugere, tentando não entrar em pânico, mas se vendo traída pela forma trêmula como havia falado.

Quase que como instinto, ele coloca a mão no ombro da Cecille, apertando-o, tentando acalmá-la. Era difícil passar confiança quando ele próprio sentira-a esvair-se de seu corpo.

- Vamos retornar a escola? - Ele indaga com cuidado. Talvez fosse melhor voltarem, tomarem um tempo para processarem o ocorrido para depois continuarem a missão.

Ela suspira, e diante da sugestão de voltarem para a escola simplesmente nega veementemente com a cabeça.
- Precisamos esperar aqui! - ela responde, decidida. Não ia aguentar esperar por uma resposta na escola, sentindo-se ainda mais inútil do que já estava. - Vou tentar contatar o transmissor deles também. - ela diz e vira-se para cutucar o próprio aparelho, na esperança de que mostrasse alguma coisa.

Ele suspira, mas apenas concorda com ela - parecia ser a melhor opção no momento. Virando-se para alguns pesquisadores, Agito pede para buscarem uma cadeira para sentarem... E um pouco de água. Ao ver o que Cecille tentava fazer, ele decidiu averiguar o local onde antes se encontrava o canto, para ver se achava resquícios de alguma coisa, algo que pudesse pelo menos lhes dar alguma pista da localização dos companheiros.

Passadas as horas entre cientistas e pesquisadores andando de um lado para o outro e conversando em tons que julgavam ser baixo o suficiente para que os dois jovens guardiões não escutassem, apesar de falharem miseravelmente, o desespero começava a tomar conta de Cecille, forçando-a a parar de escrever seu relatório pelo tanto que as mãos tremiam em ansiedade, muito menos capaz de acatar com a sugestão de Agito quanto a informar os superiores, que não dificilmente chegaria até aos ouvidos dos pais dos seus colegas. Apenas olhava pela vidraça de observação, como se algo fosse mudar.

Parecia que suas preces silenciosas haviam sido atendidas, porque com o cair da noite algo estranho voltava a acontecer. Símbolos brilhavam no centro do campo e, após formarem um círculo, o brilho criado em seu núcleo formou uma fissura que parecia cortar o ar, e através dela a imagem de um céu no ápice do crepúsculo atrás de árvores prateadas cujas folhas eram levadas pelo vento. Mas que pouco importava a paisagem? Ela só tinha olhos para as figuras que começavam a passar pela fissura: Elyss, Sora, Sophie, Keith, Demitri, Avril e por fim o oficial syfel que os acompanhava, Kayel Or'Lesiy. Soltou um chio alto, emocionada, enquanto esperava ansiosa para que chegassem até a área de observação.

[Elyss]
Estando em frente ao grupo, ela não perdeu a reação de Cecille, abrindo um largo sorriso que dizia “Voltei!” e apressando o passo em direção a ela, até que começou a correu, jogando os braços ao redor do pescoço dela e dando um abraço apertado.

-Calma, estando aqui, estamos aqui!- Ela afirma, tentando acalmar a prima.