Arredores da Escola

Seu olhar parecia menos preocupado depois da sugestão de Armand, e do apoio do qual fora assegurada dos dois. No entanto, sua cabeça vagava para outras questões, em falar com outras pessoas e no que deveria fazer. Dane-se o almoço.

- Não vou mais prendê-los aqui, e é melhor que realmente nada aparente completamente fora do normal. Só algumas poucas pessoas sabem desse ocorrido, e a Coroa de Ekalyon também garantiu esforços para adiar em algumas horas a notícia se tornar pública. - ela afirma, esperando que entendessem que precisava ficar um pouco sozinha para saber por onde começar.

Ele observou os Black cumprimentarem a Ashe uma última vez antes antes de se retirarem, e franziu o cenho ver a expressão dos dois. Será que havia acontecido alguma coisa em Loriath? Soltando um suspiro, aproximou-se da princesa de cabelos brancos, oferecendo-lhe algo que pegara antes de sair do refeitório: a maçã. Ashe parecia precisar dela mais do que ele no momento. Não falou nada, apenas esperou que reconhecesse sua presença e Deuses, que aceitasse a porcaria da fruta.

Ao notar a aproximação de mais uma pessoa, ela estava preparada para se retirar do lugar e... Não importava. Ir para qualquer outro lugar, talvez seu quarto, onde pudesse parar para pensar. Foi só quando seguiu a mão estendida com a fruta vermelha que reconheceu Aegon. O silêncio se estendeu por alguns segundos, até que ela enfim aceitasse a fruta.

- Obrigada. - ela fala, relativamente baixo, com os olhos ou fixados na fruta ou no chão. - Não vai querer metade? - ela pergunta, procurando ganhar alguns segundos enquanto enfrentava uma batalha dentro de sua própria cabeça, em que parte de si ainda estava estressada com o Gaerntheon, e outra que dizia que deveria ouvir dela do que de outra pessoa aquelas notícias. - Aconteceu algo sério. - ela começa, e depois de respirar fundo relata as notícias que chegaram à si.

Soltou um pequeno suspiro de alívio ao vê-la aceitar a fruta, enviando um agradecimento silencioso aos Deuses.

- Não tem de que, e não, no momento você precisa mais dela do que eu, aparentemente.- Disse com cuidado, mas a voz não parecia irritada, ou fria, apenas genuinamente preocupada.- Eu assumi que algo havia acontecido. Mas pelos Deuses Ashe, antes de continuar qualquer coisa, voce precisa sentar. Tome o tempo que precisar. - E indicou o banco de pedra ali próximo, vazio. A voz tinha menos tom de ordem e mais tom de apelo, quase implorando. Se ela levantasse o veria que o cenho dele estava franzido, e parecia perturbado e preocupado com a sua reação.

Ela assente enquanto da uma mordida na maçã oferecida - podia entender que estava precisando disso, mas não deixava de sentir um gosto amargo a boca, e se perguntou por quanto tempo esse sentimento de impotência e desgosto iria durar. Agora, era questão de saber por onde começar.

- Durante a aula, recebi uma mensagem urgente. Era de Loriath, do governo central enviando um reporte sobre o que aconteceu na capital. Houve um ataque, e contra a Alta Câmara do Exército. Tiveram sucesso, e temos dezenas de feridos e mortos. - ela termina, ainda com os olhos baixos.

Os olhos deles se arregalaram e a respiração audivelmente parou, mas nem por um instante deixou de olhar para a princesa ao seu lado. Isso era sério. Demais. Mais do que qualquer coisas que Rhaegar pudesse contar mais tarde, e poderia ser egoista ou errado, mas tomou certa tranquilidade disso. Ele teria dado um abraco em Ashe porque, Deuses, em uma situação dessas ele gostaria de receber um, mas duvidava que ela fosse apreciar.

-Você acredita que foram os Rozencreux.- Concluiu, a linha de pensamento dela, com calma.- Pretende ir a Loriath?

Com a sugestão dos Rozencreux como perpetradores do ataque, ela levanta a cabeça, olhando para frente, ainda que fosse vísivel ver algo brilhando em seus olhos: já não era mais dormente, entorpecido, mas sim próximo à fúria, só que ao estilo de Loriath. Frio, que consumia aos poucos.

- E quem mais seria? - ela questiona. - Mas ir para lá? Altamente arriscado, ainda mais em como a segurança para entrar no país deve estar. Não duvido que a frota dos Lennartz já tenha sido acionada. Se eu fosse pega querendo entrar lá, das duas uma: não me deixariam sairdo palácio, ou tomariam as precauções para que eu não saísse da escola. E eu não vou arriscar isso.

”Talvez um grupo como a Getsukai? Outros terroristas com um planejamento imenso? A Máfia de Loriath?” pensou para si mesmo, mas não ousou vocalizar. Com o que acontecera, qualquer sugestão  seria respondida com agressividade e furiosa negação. Limitou-se, então, a um pequeno aceno.

- Entendi.- Respondeu, mordendo o interior da bochecha, procurando por palavras.- Seguimos o plano original que conversamos, então?

Ela assente levemente, terminando de comer a maçã que havia sido oferecida.

- Claramente. - ela retruca. - Mas se me lembro bem, você tem uma aula agora. O que quer fazer?

Ele roda os olhos com a reação de Ashe, mas sorri. Pelo menos, estava melhor do que quando chegara ali.

- Isso é mais importante, e como ainda está no começo, posso me dar o luxo de perder uma aula. Não vai fazer muita diferença.- E também não prestaria atenção mesmo, pensando no que Rhaegar poderia querer com eles.- Às suas ordens, Ashe.

Satisfeita com a resposta de Aegon, ela joga o resto da casca da maçã fora e passa a mão pelo cabelo - não podia parecer acabada do jeito que devia estar, para ter arrancado olhares de preocupação dos irmãos Black. Respirou fundo uma última vez, antes de se virar para Aegon.

- À cidade, então. - ela simplesmente diz e sai.

Com um aceno de cabeça, ele segue-a para fora da Escola.

Convocar os guardiões para uma reunião era necessário, ele sabia. Tentar resolver os problemas atuais e os outros problemas que mal sabiam que tinha, também, era necessário, ele sabia. Contudo, não existia racionalização capaz de impedi-lo de soltar um bocejo preguiçoso.
- Todos já estão aqui? - ele pergunta, olhando ao redor do pequeno círculo que formavam na grama: ele, a irmã do lado, seguida de Cecille, Nayelli e Sora.

- Em corpo, se não completamente em espírito. - Ele riu baixinho, lançando um olhar para Elyss, que estava com o rosto apoiado em uma mão e mais dormindo do que acordada. - Mas acho que já podemos começar. Concordamos que os ataques recentes estão conectados, não é mesmo?

Era deverás coincidência se tratarem de eventos separados. A primeira vez era um acidente; a segunda, uma coincidência; três eventos suspeitos em um curto período de tempo? Já era um padrão.

- De minha parte? Já não há dúvidas quanto a isso. - ele responde prontamente. - Mas de pouco importa concluir se estão conectados ou não se não tivermos resposta de como ou por quem, especialmente considerando que estávamos quase todos presentes no dia do primeiro ataque e não há dúvidas de quem o perpetrador foi.

Sabia que ter um ponto de partida eram bom, mas não conseguia engolir ter que tomar Matt, aquele Matt que mandava presentes sem falta todas as celebrações oficiais do reino, para a casa de cada um deles desde que se davam por gente. E porque agora, mais importante? Não fazia sentido.



Ela cruza os braços, incomodada com a falta de iniciativa - não era óbvio por onde deviam começar? Era claro que o receio dos demais havia custado mais um ataque, e não podiam ficar perdendo tempo assim!

- Me atrevo a dizer que o encontro atual é completamente desnecessário. - ela comenta, arrumando uma mecha de cabelo atrás da orelha desinteressadamente. - Antes de sermos abruptamente interrompidos por aquele inspetor rude, estávamos a caminho de conseguir aliados que realmente podem fazer alguma coisa: Ishmerai.

- Eles podem ser bons aliados nesse conflito - Ela concorda, mas franze o cenho. - Mas eu ainda não estou convencida. Mesmo pelo que o Arcebispo falou, porque Shyamal nos atacaria, se o objetivo é Ishmerai? O que eles ganhariam nos antagonizando? - Sophie mordeu o lábio, enrolando um fio de cabelo no dedo indicador. - Nós precisamos de mais informações antes de arrastarmos Arthórien para uma guerra que não é nossa. 

E no momento, só havia um lugar para consegui-las.

Se seu animo melhorara exponencialmente ante a primeira afirmação da colega, apenas para cair drasticamente ante os questionamentos. Boa parte dessas perguntas já haviam sido respondidas no dia anterior! Enfim, pela reação dos demais era visível que estava na minoria, então apenas se limitou a virar o rosto e voltar a cruzar os braços, contrariada.



Ante o visível ambiente de quase hostilidade para o qual estavam caminhando - céus, ela definitivamente não precisava disso logo de manhã, e a parte que ela gostava de pensar que era a mais racional de seu cérebro estava sugerindo veementemente voltar para o seu quarto e pedir para que a chamassem quando alcançassem alguma conclusão. Por efetividade, claro.

- Olha... acho que tem um jeito de fazer os dois de uma única vez. - ela intervém. - Vimos gente lá que reconhecíamos, certo? Tipo a Mnemo. Assim que voltássemos lá, podíamos conversar com ela, que já tem mais experiência de como esse povo deve ser e o que está acontecendo, tipo, sei lá, ela parecia respeitada e tal. Deve saber uma coisa ou outra, sem pender para um dos lados. - sugere, enfim, ajustando o gorro.

Se por um lado Sophie tinha razão em ser cuidadosa, não podia deixar de concordar com Nay no quesito de ter um espetor metido sufocando toda oportunidade de obter respostas por conta de burocracia ou algo do tipo também não parecia ser a melhor estratégia para conseguir respostas.

- E sem aquele chato, por favor. Aparecer antagonizando acabaria com qualquer oportunidade de diálogo.

- Acho razoável a sugestão de voltarmos lá sem o... Qual era o nome dele mesmo? Kayel? - Ela franze o cenho e balança a cabeça. Não importava o nome. - Talvez ajude alguns deles a baixarem à guarda, mostrando que estamos dispostos a aprender e ajudar. E se a Mnemo e a Hysteria estão ajudando, bom, isso o torna dignos da dúvida, não acham? A questão é: como voltaremos lá sozinhos, sem alardear as autoridades?