Castelo Branthèse

Caminhando pelos corredores com passos rápidos, o vestido branco e dourado esvoaçando com seus passos e um pacote nos braços, Hecate entrou nos aposentos de Len sem ser anunciada, com o cenho franzido e a boca pressionada em uma linha fina e pálida. Aos que conheciam a Senhora Regente e seu modos normalmente comedidos e controlados, era nítido que estava furiosa. E não era para menos.

- Coloque isto agora - Ela sibilou, colocando a jaqueta militar passada e com as medalhas polidas em cima da escrivaninha de Len. - Lady Wynvernihs achou por bem contornar os caminhos normais e convocar a embaixadora de Loriath para falar ao Parlamento. Precisamos estar lá o quanto antes; certifiquei de que a embaixadora fosse... atrasada. Cinco minutos, Len. Lhe informarei mais no carro.

E, com isso, deu as costas e saiu, deixando a porta aberta.

Estava no meio de uma conversa com o médico que liderava o tratamento de seu pai, angustiado pela falta de resultado e progresso - especialmente dada a incapacidade de ter respostas ou esclarecimentos. Um sonho sem imagens ou sons, assim descreveram seu estado, "E sem fim, aparentemente." ele pensa, estando prestes a dispensar o pobre profissional que tremia de nervosismo, até que as portas do escritório adjacente ao seu quarto foram abruptamente abertas por ninguém menos que Hecate.

- Qual o significado disso? - ele pergunta, olhos abertos incrédulos e a explicação dada pela regente pouco ajudando a melhorar a situação. Ashley fez o quê? - Te encontrarei lá. - ele responde prontamente, dispensando o médico com um sorriso apologético enquanto tentava abotoar a jaqueta o mais rápido possível enquanto andava, sem contar dispensando veementemente a ajuda dos criados que se ofereciam para auxiliá-lo.

- Ela sequer pode fazer isso? Estamos falando de um representante oficial de outra nação aliada, não um nobre do reino. - ele pergunta, vestindo as luvas do conjunto da jaqueta enquanto entrava no carro.

Assim que Len entrou no carro, ela deu o sinal para o motorista para prosseguir, massageando a têmporas e soltando um suspiro irritado. O cabelo verde fora preso às pressas em um coque elegante, decorado com folhas de louro douradas. Colocou uma mecha rebelde atrás da orelha e balançou a cabeça. 

- Ashley Wynvernihs - Ela começou, veneno escorrendo por cada letra do nome que pronunciava. Alguma fração de sangue Hyperion, Larrystein e Ashënnbert que carregava vindo à tona, certamente - É a Ministra responsável por governar Hydrogus, embora ela própria esqueça disso. Ela não tem a autoridade para sequer convocar um nobre de outra região sem a vênia do Ministro ou, alternativamente, dos outros dois, muito menos uma Embaixadora estrangeira. Você pode convidá-la para tal, e eu como sua regente, ou pelo Ministério em uma votação simples. 

Bufando, Hecate pegou uma taça disposta em uma bandeja, mantida em pé magicamente com o balançar do carro, e tirou uma garrafinha do frigobar, enchendo-a de água e bebendo-a em um único gole.

- Ashley vai se defender dizendo que se trata de uma situação extraordinária e uma ameaça a segurança nacional e se posicionar como a defensora dos interesses do Reino, e precisaremos nos posicionar. Está bem o suficiente para falar ao Ministério? - Ela perguntou, colocando uma mão no ombro dele e apertando, as feições se suavizando. - Se não, posso conduzir a sessão em seu lugar.

"Ah é, o cabelo" ele nota e empalidece, freneticamente passando a mão entre as mechas, mas logo desistindo ante a ausência de seu fiel parceiro de guerra em eventos oficiais: gel. No melhor dos casos, ele não pareceria um garoto despreparado correndo para não questionar sua autoridade ter sido ignorada, mas um governante extremamente atento e mais interessado nos acontecimentos do que em sua aparência pessoal. Céus, os deuses tivessem piedade de si.

- Ela não faria uma jogada dessas se não tivesse um mínimo de cobertura legal, por mais frágil que esteja. E se conseguir alguma informação, por menos relevante que seja, já vai ser combustível o suficiente para evitar qualquer punição severa. - ele comenta. Lady Wynvernihs podia ser muitas coisas, a maioria delas que ele estava absolutamente proibido de expressar em voz alta em favor da moral e dos bons costumes, mas estúpida não era uma delas. - Acho mais apropriado me abster de me manifestar no momento, por não ter o domínio da legislação específica nesse momento. Corro o risco de me fazer de bobo em frente aos ministros e representantes estrangeiros, e acredito que gostaríamos de evitar mais uma gafe, pelo menos essa semana. - ele solta, tentando melhorar os ânimos dentro do carro.

- Há um precedente. Antigo, pouco usado, e extraordinário - Ela admite com um suspiro resignado, e começa ela mesma a ajeitar o cabelo de Len, molhando suas palmas com um pouco d'água para melhor estilizá-lo. - Eu já contatei os nossas assessores de imprensa, vamos tentar usar a jogada de Ashley em nosso favor. - Semicerrando os olhos, ela remove as mãos do cabelo de Len. - Pronto. Bem melhor.

E com um sorriso, ela levantou outro assunto, conversando até chegarem ao Ministério.